Os Sistemas de Informação são a infraestrutura estratégica e o suporte operacional de qualquer plano moderno de Marketing. Sobre eles assentam comunicações, indicadores, níveis de serviço, redundâncias e garantias de continuidade de serviço. Há quase um século o afundamento do Titanic deixa-nos algumas lições...
A 15 de Abril de 2008, assinalaram-se 96 anos sobre o afundamento do RMS Titanic. Permitam-me recordar alguns pontos, técnicos e factuais, ligados ao afundamento do mesmo e extrapolar algumas ilações para o universo actual dos Sistemas de Informação. Recordo que o navio se afundou na sua viagem inaugural, em menos de 3 horas após o impacto com um iceberg, e que pereceram mais de 1500 pessoas.
1. Redundância. O afundamento do Titanic marcou de forma clara a necessidade de redundância integral nas estruturas de casco. O Titanic possuia um casco de fundo duplo mas de laterais simples. O navio irmão do Titanic, o Olympic, viria, precisamente, após o afundamento do primeiro, a ser alvo de alterações estruturais para comportar casco duplo intregral. Apesar dos compartimentos estanques no interior, e cuja operação terá sido anómala ou insuficiente, as laterais simples do casco colocaram-se como um ponto único de falha absolutamente crítico. Lição: evitar pontos únicos de falha, assumir redundâncias de 2.º e 3.º nível não como garante de performance diária mas de continuidade de operação face a adversidades. As adversidades surgem sempre e, em particular, sob maior probabilidade e risco no lançamento de um projecto.
2. Comunicações. O sistema de comunicações de telegrafia sem fios comum nos navios da época era usualmente ligado e desligado em turnos de disponibilidade, em particular face à existência de apenas alguns recursos (por vezes apenas um) aptos ao seu uso. O navio mais próximo do Titanic aquando do embate do mesmo com o Iceberg, o Californian, havia, dado ter apenas um único operador, desligado o seu sistema de comunicações com o aproximar da noite (o embate no Iceberg dá-se perto das 23:40 de dia 14 de Abril). O SOS enviado pelo Titanic não tinha assim como chegar ao mesmo e, consequentemente, qualquer tentativa de socorro no local e de alta prontidão foi comprometida / demorada. Lição: sistemas de comunicação assimétricos/demorados ou contratos de suporte com janelas de intervenção de dia útil seguinte não são compatíveis com sistemas / situações críticas.
3. Indicadores. O dimensionamento das embarcações de salvamento era, à época, função da tonelagem do navio e não do seu número de passageiros. Ainda que o Titanic até fosse, pela positiva, acima de tal proporção face ao então exigido, o dimensionamento seguia um indicador inadequado ou mesmo obsoleto. Após o acidente o indicador de dimensionamento passou a ser o número de passageiros e tripulantes. Lição: o dimensionamento de um sistema ou aplicação não podem ser feitos com base em critérios díspares da utilização real apenas por facilitismo ou tradição. O requisito de uso da aplicação ou serviço, e não a sua infraestrutura instalada, deverão ser o indicador.
Referências e inspiração:
1 comment:
O afundamento do Titanic é uma mão cheia de exemplos de falha de redundância. Veja-se outro exemplo: as anteparas só garantiam a estanquecidade para rombos feitos em apenas uma secção. O impacto com iceberg fez um rombo que acompanhou duas secções, criando mais peso e inundando acima da antepara e perdendo a estanquecidade.
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