13 Jul 2009

Pedra Verde, 1961

Reportagem original, da época, da Rádio Clube Moçambique / Emissora Nacional das "4 Horas do Inferno de Quibaba" (operação de reconhecimento armado à Pedra Verde, Angola, de 26 a 31 de Julho de 1961) - com registos sonoros dos intensos combates que tiveram lugar e da intervenção dos militares da 4.ª Companhia de Caçadores Especiais envolvidos. Duração total de aprox. 18 mins disponível online em: http://www.youtube.com/watch?v=9atnM1r2S3c


Gripes e Números

Números do Center for Disease Control, citados num artigo de investigação da CNN de Abril último, apontam que entre Janeiro a Abril de 2009 morreram, nos Estados Unidos, 13.000 pessoas de complicações associadas ao vírus da gripe “normal”, e que o número médio anual de mortes de tal origem, também nos Estados Unidos, se situa em torno dos 36.000. Em termos mundiais este número, anual, situa-se entre os 250.000 e os 500.000 (!). Por uma questão de escala e de comparação com outros vírus será de referir que, por exemplo, o número de mortes anuais por malária se situa acima de 1 milhão e que o mesmo dado para vítimas de SIDA é superior a 2 milhões.

Números da mesma fonte para a gripe da estirpe H1N1, dita gripe suína, e, nota-se, cuja infecção em humanos está estudada e documentada em detalhe desde 1978 (ou seja, desde há 30 anos), apontam para os Estados Unidos um total de 211 mortos (a 4 de Julho de 2009). Segundo dados mundiais recolhidos pela Wikipedia, o total mundial de mortes de complicações resultado de infecção por H1N1 é, a 13 Julho de 2009, de 636 - dos quais mais de 50% nos Estados Unidos (em particular em Estados do Sul como o Texas ou a Califórnia) e no México (onde o corrente "surto" teve origem).

Recordando um surto anterior de gripe, com a estirpe H5N1, conhecida por gripe das aves, os números mundiais acumulados em Janeiro de 2009, segundo a World Health Organization e recolhas de dados da Wikipedia, e tendo sido infectadas milhões de aves por todo o mundo, apontam menos de 300 mortes entre humanos.


___ "Update":

Adita-se a estes elementos, a passagem abaixo destacada de um comunicado de 16 de Julho da World Health Organization: "(...) This pandemic has been characterized, to date, by the mildness of symptoms in the overwhelming majority of patients, who usually recover, even without medical treatment, within a week of the onset of symptoms. (...)"


12 Jun 2009

A repreensão do senhor professor aos Portugueses no dia de Portugal

... acho sempre curioso quando se confunde motivação com repreensão e sintomas com doenças. Refiro-me ao despropositado, desconexo e agressivo discurso do Pres. da República, Aníbal António Cavaco Silva, durante a celebração do 10 de Junho de 2009 - onde literalmente atacou os Portugueses, puxando orelhas, castigando verbalmente, porque, basicamente, se verificou abstenção elevada nas últimas Europeias.

Classificou e julgou os Portugueses, que o elegeram (!), como irresponsáveis ou comodistas de sofá (com eufemismos ou sem eles) porque não foram votar e assim, segundo ele, estão a demitir-se de funções e a ignorar o futuro do seu País... não lhe ocorrendo, talvez, que antes de mais falhou ele por não haver conseguido motivar a votação, pois, ora bem, é esse o primeiro papel de um líder – motivar as massas. Não lhe ocorrendo comentar também os 160 mil votos brancos - que duplicaram face a 2004 , e para os votos nulos que aumentaram de 47 mil para 71 mil - poderiam merecer alguma análise. Mas isso implicaria analisar doenças... e é muito mais imediato atacar, sim atacar, sintomas.

Mais ainda: se pretende motivar alguém não é assim (e não acho que o actual PR conheça sequer o alcance ou significado de tal palavra) -NUNCA se motiva ninguém com porrada (chineses e russos podem atestar com décadas de experiência). Aliás, até o seu "amigo" de partido, Rebelo de Sousa, já veio a público adjectivar de "muito duro" tal discurso.

E, pior, o PR termina este seu discurso, que supostamente, recordo e relevo, visa, segundo o mesmo, penalizar o conformismo e o alheamento, com a frase "Esperança é a palavra." (sic)... ou seja oco e sem sentido, sem caminho ou mensagem, e com tiques do eterno "fado lusitano". Num texto de pouco mais de 2000 palavras... surge 14 vezes (!) a palavra não - alguém p.f. que eduque o PR ou os seus consultores sobre discurso positivo e motivação.

Um líder nato de facto. Especialmente, recordemos os seus tempos como executivo na presidência do conselho de ministros, de boca cheia de bolo rei, clamando que nunca tem dúvidas e que raramente se engana, e que não tem tempo para ler jornais. Pode-se tirar um provinciano tacanho dos confins do Algarve e trazê-lo para uma Universidade e até ganhar um congresso na Figueira da Foz... mas não se pode tirar a tacanhez e os tiques autoritários de dentro do mesmo e sua completa incapacidade de motivar um Povo.

Senhor PR reforme-se e volte com a colecção de presépios da sua esposa para Boliqueime o mais depressa possível! Portugal e os Portugueses precisam de um líder e não de um mestre escola tacanho, castigador e com tiques paternalistas e de superioridade escolástica!

Força Portugal! Viva Portugal! Sempre!

P. Mateus.

21 May 2009

O Quarto Tipo

"(...) Há quatro tipos de gestores: os que somam a performance aos números e partilham os valores da empresa – esses são os casos mais raros; os que não têm os valores nem a performance e nesse caso a decisão é fácil – é abatê-los; os que têm os valores mas não têm a performance – e a esses dá-se uma segunda oportunidade, um ambiente diferente ou, até quem sabe, uma outra chefia directa.

O quatro tipo é o pior na maioria das empresas em Portugal e na América: é o gestor que revela a performance e os números mas é um idiota que maltrata as pessoas. Só que como mostra resultados, o patrão aceita-o e depois passeia-se pela empresa a falar de valores e comportamentos enquanto as pessoas se riem. Enquanto este tipo de gestor existir nas vossas empresas, mais vale estarem calados com discursos bonitos porque isso só significa que o líder não se importa com os valores, apenas fala deles. (...)"

Jack Welsh, ex-CEO da General Electric, em conferência de Gestão em Portugal, Maio de 2006.

Foto (c) theartof.com

22 Apr 2009

Os jogos de ontem e de hoje...

[ de um escrito pessoal de 19 de Julho 2007 em comentário ao dito de alguém sobre o universo actual dos jogos de computador versus anos 1980/1990]: "... mas hoje a coisa tem muito mais piada".

Hoje o "desafio" é, essencialmente, a forma - o foto-realismo, a textura, a luz, etc. O benchmark acima de tudo (tantos fps com texturas de não sei quantos megas e modelo de gravidade xpto).

 A piada foram, para mim e para muitos, os calafrios das riscas arco-iris no border do ecrã das cargas de profundidade do primeiro simulador de submarino, Silent Service. O desespero de alinhar graficos vectoriais e de "fugir" ao "pisca pisca" do radar inimigo em Apache Gunship ou F19 Stealth Fighter. A construção e gestão das primeiras cidades ou caminhos de ferro, Sim City, Railroad Tycoon (... grande Sid Meyer) [e grande Will Wright] . As "piadas" e os "atrevimentos" de Monkey Island ou do Larry. Os primeiros labirintos de Dungeons and Dragons e muitos outros. 

Foi entre meados dos 80 e dos 90 que a industria do "gaming" inventou e desenvolveu praticamente tudo - sem muitos meios, sem muito "management and sales". Hoje, tal como no Cinema, não se quer correr riscos, quer-se o budget e o forecast, a sequela e' preferida ao "devaneio". Mas, como citou recentemente [2005] o [Steve] Jobs em Stanford, "stay hungry, stay foolish" !

7 Apr 2009

O nosso capital humano... sim nós mesmos s.f.f.

... quando, pelos idos de 1990, cursei ciência económica pela Nova em Campolide, registei (e recordo!), em particular, uma mão cheia de grandes noções que sempre me acompanharam desde então - no pensamento e na análise sobre o mercado e sobre o País (sejam eles quais forem) – (i) a importância do capital humano (na análise conhecida pelo “residual de Sollow” e afins); (ii) a importância dos activos reais (por detrimento de derivados e virtuais que premeiam apenas o risco acrescido e não a rentabilidade efectiva); e, acima de tudo, (iii) a utopia (dita simplificação de modelo) das preferências bem comportadas e informação disponível (vulgo e em adiantamento, existente e percebida) pelos agentes económicos.

No cenário actual, nacional e internacional, de “agravo económico” (será uma crise, uma depressão, uma recessão, um soluço, um arroto ou um vómito?), mesmo com informação disponível (nunca existiu tanta e tão acessível – i.e., sem custos e referente a experiências praticamente “ao dia”) as preferências dos agentes são (sempre foram e serão) toldadas, sem conspirações ou cabalas, por uma “doce” mistura de ganância e preguiça, temperada por inveja e individualismo.

E os agentes económicos, clamo e relevo, somos todos nós, todos!... o agente empresa, o agente banco e o agente Zé dos Anzóis ou Maria Lavadeira não existem no País das Maravilhas, somos todos nós. Normais e anormais (estatisticamente falando) -  é um conjunto de que todos fazemos parte e só por uma espécie de nojo ou catarse alguns insistem em fazer-se passar por distantes ou vítimas.

Tal como serviu de “mote”, nos idos de 1986, ao filme de Oliver Stone, Platoon: “a primeira baixa da guerra é a inocência”... ou, permitido o desvio vicentino, não é só mamar na teta doce (crédito ao consumo ao desbarato, novo riquismo, férias exóticas em terra de novela, ecrãs de plasma, telemóveis aos magotes...) – as rosas têm espinhos, sempre... e não há inocentes que possam efectivamente dizer que não sabiam dos ditos espinhos.

... quando nos idos de 2000 eu, anormal confesso e assumido, insitia em analisar taxas de juro fixas para crédito imobiliário como a (minha) primeira e mais segura opção e alertava para os riscos de produtos financeiros derivados ou mesmo simples acções (eram os tempo das bolhas de Silicon Valley... recordam-se?), era a modos que tratado como velho conservador e tacanho (tendo na altura menos de 30 anos, note-se).

E hoje? Pois... hoje temos o Banco de Portugal a ditar que os Bancos quando publicitarem uma conta genericamente descrita como “depósito” não podem estar a mascarar aplicacões em fundos e derivados; temos dois bancos nacionais falidos; tivemos já meses (inéditos?) de deflação; temos juros a caminhar para 1% - e a culpa é (sózinha, mesmo sózinha) dos Bancos? Sim, tal como a culpa de quem ficou sem dinheiro na Dona Branca foi apenas da dita e não – ora lá vamos nós – da ganância e inveja dos agentes que, mesmo tendo informação, formulam expectativas... anormais.

Tenham juízo. Não sejam gulosos. Sejam poupadinhos e não sejam preguiçosos s.f.f. . A crise somos nós. Todos, em toda a parte – a natureza primária e animal, invejosa e comodista, do ser humano. Só isso.

O capital humano – e não precisamos do Estado ou do Governo para tratar disso / de tudo – faz parte (deveria fazer parte) do nosso crescimento normal, i.e., o sermos “bem educados”, emocionalmente inteligentes, o não sermos “encarneirados em despesa e consumo”, o não termos problemas sociais (e ter a capacidade fria) de achar o futebol um disparate tribal e despesista, as novelas um delírio social e os reality shows um ópio popular... e sim... deixar de olhar para os acidentes na auto-estrada, agradecer ao empregado de mesa e ajudar um colega, sem interesses ocultos, mesmo fora das hora de serviço, chegar (sempre!) a horas, não passar o fim-de-semana a roncar no sofá e chorar-se que não tem tempo para nada, fazer melhor em vez de criticar os outros, etc... – isto é, no seu sentido mais lato, capital humano (muito além da formação escolar ou técnica!), e como, em equilibrio a poupança é igual ao investimento, o que se tem poupado nesta àrea tem ido, inexoravelmente, para outro sítio – os plasmas, os telemóveis, as férias no Brasil, os clamores do futebol, o carpir de mágoas no sofá...

 Quais crise! Vamos (todos!) trabalhar, acima de tudo e em primeiro lugar, em nós mesmos s.f.f.

 Obrigado.

"... we fought ourselves, and the enemy was in us"

" I think now, looking back, we did not fight the enemy, we fought ourselves, and the enemy was in us. The war is over for me now, but it will always be there, the rest of my days. As I'm sure Elias will be, fighting with Barnes for what Rhah calls "possesion of my soul." There are times since, I've felt like a child, born of those two fathers. But be that as it may, those who did make it have an obligation to build again. To teach to others what we know, and to try with whats left of our lives to find a goodness and a meaning to this life." in Oliver Stone's Platoon, ref. http://en.wikiquote.org/wiki/Platoon

8 Jan 2009

O AFUNDAMENTO DO TITANIC E LIÇÕES PARA OS ACTUAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Os Sistemas de Informação são a infraestrutura estratégica e o suporte operacional de qualquer plano moderno de Marketing. Sobre eles assentam comunicações, indicadores, níveis de serviço, redundâncias e garantias de continuidade de serviço. Há quase um século o afundamento do Titanic deixa-nos algumas lições...


A 15 de Abril de 2008, assinalaram-se 96 anos sobre o afundamento do RMS Titanic. Permitam-me recordar alguns pontos, técnicos e factuais, ligados ao afundamento do mesmo e extrapolar algumas ilações para o universo actual dos Sistemas de Informação. Recordo que o navio se afundou na sua viagem inaugural, em menos de 3 horas após o impacto com um iceberg, e que pereceram mais de 1500 pessoas.

1. Redundância. O afundamento do Titanic marcou de forma clara a necessidade de redundância integral nas estruturas de casco. O Titanic possuia um casco de fundo duplo mas de laterais simples. O navio irmão do Titanic, o Olympic, viria, precisamente, após o afundamento do primeiro, a ser alvo de alterações estruturais para comportar casco duplo intregral. Apesar dos compartimentos estanques no interior, e cuja operação terá sido anómala ou insuficiente, as laterais simples do casco colocaram-se como um ponto único de falha absolutamente crítico. Lição: evitar pontos únicos de falha, assumir redundâncias de 2.º e 3.º nível não como garante de performance diária mas de continuidade de operação face a adversidades. As adversidades surgem sempre e, em particular, sob maior probabilidade e risco no lançamento de um projecto.

2. Comunicações. O sistema de comunicações de telegrafia sem fios comum nos navios da época era usualmente ligado e desligado em turnos de disponibilidade, em particular face à existência de apenas alguns recursos (por vezes apenas um) aptos ao seu uso. O navio mais próximo do Titanic aquando do embate do mesmo com o Iceberg, o Californian, havia, dado ter apenas um único operador, desligado o seu sistema de comunicações com o aproximar da noite (o embate no Iceberg dá-se perto das 23:40 de dia 14 de Abril). O SOS enviado pelo Titanic não tinha assim como chegar ao mesmo e, consequentemente, qualquer tentativa de socorro no local e de alta prontidão foi comprometida / demorada. Lição: sistemas de comunicação assimétricos/demorados ou contratos de suporte com janelas de intervenção de dia útil seguinte não são compatíveis com sistemas / situações críticas.

3. Indicadores. O dimensionamento das embarcações de salvamento era, à época, função da tonelagem do navio e não do seu número de passageiros. Ainda que o Titanic até fosse, pela positiva, acima de tal proporção face ao então exigido, o dimensionamento seguia um indicador inadequado ou mesmo obsoleto. Após o acidente o indicador de dimensionamento passou a ser o número de passageiros e tripulantes. Lição: o dimensionamento de um sistema ou aplicação não podem ser feitos com base em critérios díspares da utilização real apenas por facilitismo ou tradição. O requisito de uso da aplicação ou serviço, e não a sua infraestrutura instalada, deverão ser o indicador.


Referências e inspiração:
ref. Wired e ref. Wikipedia