Ao analisar a mediatização e o debate actual sobre as acções terroristas envolvendo operacionais apeados e munidos de armas automáticas em cenário de assalto urbano e directo no continente europeu, parece estar esquecida a realidade das décadas de 1970 e 1980 e, em particular, os ataques conduzidos pelo movimento Setembro Negro e pelo Conselho Revolucionário da Fatah – este, uma facção dissidente e radical da Organização para a Libertação da Palestina, liderada por Abu Nidal, e a que foram atribuídos ataques em 20 países, provocando mais de 300 mortos e mais de 650 feridos.
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Roma, 27 de Dezembro de 1985 |
Recordando alguns dos ataques históricos, temos a 5 de Setembro de 1972, em Munique, o assalto e sequestro conduzido por 8 operacionais, com armas automáticas e granadas, ao alojamento dos atletas de Israel na aldeia olímpica, de que resultaram 17 mortos. Temos em 27 de Dezembro de 1985 um ataque levado a cabo por 7 operacionais, com armas automáticas e granadas, contra os balcões da El Al e da TWA nos aeroportos de Roma e de Viena. Morreram 19 pessoas e foram feridas 140. Antes, a 3 de Junho de 1982, um ataque a tiro, conduzido por 3 operacionais, contra Shlomo Argov, o embaixador de Israel no Reino Unido, à saída do Hotel Dorchester, em Londres. Recorde-se ainda o ataque em Viena, em 29 de Agosto de 1981, em que 3 operacionais, munidos de armas automáticas, mataram 2 pessoas e feriram outras 23, ao tomarem de assalto a sinagoga de Stadttempel. Temos ainda, em 9 de Agosto de 1982, em Paris, um ataque armado, conduzido por 2 operacionais, ao restaurante Goldengerb, de que resultaram 6 mortos e 22 feridos e, no mesmo ano, a 9 de Outubro, o ataque, conduzido por 5 operacionais, com armas automáticas e granadas, em Roma, numa sinagoga, de que resultaram 1 morto e 37 feridos. Ou seja, todos exemplos de ataques operacionais, com elementos apeados e munidos de armas automáticas, em grandes cidades europeias.
Sem qualquer apreciação ou valoração comparativa sobre os ataques terroristas de 13 de Novembro de 2015 em Paris, e antes, na mesma cidade, a 7 de Janeiro de 2015 contra a redacção do Charlie Hebdo e a 9 de Janeiro de 2015 contra um supermercado ”kosher” em Porte de Vincennes, julgo importante recordar que o fenómeno não é inédito, em geografia e método, e que não corresponde a uma “nova ameaça” ou a uma “nova técnica”, mas antes a uma ameaça que nunca nos abandonou e, sendo pragmático, que dificilmente nos abandonará.
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